SINAIS DE JESUS

13/01/2013 21:12

 

Os sinais de Jesus no Evangelho de João

Bodas de Caná: o 1º sinal de Jesus
no Evangelho de João
As partes mais antigas do Evangelho de João são as passagens narrativas, onde nos são apresentados os sinais de Jesus. Estes sinais são apenas em número de SETE, uma escolha consciente.

Os sete sinais de João

1) Transformação da água em vinho (Jo 2): sem paralelismos
2) Cura do filho do funcionário real (Jo 4,46-54): paralelo em Lc 7,1-10 e Mt 8,5-13
3) Cura de um paralítico (Jo 5,1-18): semelhança com Mc 2,1-12
4) Multiplicação dos pães (Jo 6,1-15): paralelo em Mc 6,32-44
5) Jesus caminha sobre as águas (Jo 6,16-21): paralelo em Mc 6,45-52 e Mt 14,22-33
6) Cura de um cego (Jo 9,1-7): semelhança com Mc 8,22-26 e Mc 10,46-52
7) Ressurreição de um morto (Jo 11,1-46): semelhança com Lc 7,11-17 e Mc 5,21-43

Para a redação do Evangelho de João, a hipótese de um mini-evangelho base – fundamentalmente constituído por narrativas dos sinais de Jesus – que se amplia através de diálogos e controvérsias, continua sendo a mais provável.

Esta obra não apresenta simplesmente um conjunto de dados e tradições sobre Jesus, mas há um aprofundamento dos mesmos. Este aprofundamento leva a um enriquecimento do sentido original da tradição, em função das questões e das preocupações da comunidade à qual este evangelho foi dirigido.

O significado dos “sinais”

João não utiliza a palavra dynamis (atos poderosos que acompanham a presença ativa do reino entre os homens, na tradição sinótica) para se referir aos gestos de Jesus, nem narra exorcismos. Isso acontece porque a temática joanina não é a implantação do reino/expulsão do demônio através dos dynameis. Esse é o motivo dessa palavra não constar nesse evangelho.

Por outro lado, a palavra semeion (sinal), tal como é vista nos sinóticos, não é utilizada da mesma forma em João. Para os sinóticos, semeion pode designar:

1) Sinais dos últimos tempos que antecedem a parusia (Mt 24,3.24.30)
2) Prova apologética que legitima as atividades de Jesus (Mt 12,38-39; 16,1-4; Lc 23,8), com um sentido pejorativo. Aqui, há a semelhança em Jo 2,18 e 6,30.
3) Expressão que designa os “milagres” de Jesus e dos apóstolos: sinais e prodígios (teras)

Em João, à primeira vista, os semeion estão ligados à fé, eles suscitam a fé:

1) 2,11: Caná e a fé dos discípulos
2) 2,23: Jerusalém crê
3) 3,2: Nicodemos vai até Jesus por causa dos sinais
4) 4,54: fé do funcionário real por causa do sinal
5) 7,31: a vinda do Messias é o maior sinal
6) 9,16: um pecador não pode fazer sinais
7) 10,41: João Batista não fez sinais
8) 11,47: Jesus faz sinais e todos crerão
9) 12,37: Jesus faz sinais e não creram
10) 20,30: Jesus faz sinais para que creiam

No entanto, Jesus refuta os sinais como prova apologética (Jo 2,18 e 6,30) e desconfia da fé que vem dos sinais (Jo 2,23; 3,2 e 6,26). Na verdade, nem sempre os sinais conduzem à fé (Jo 6,26 e 12,37). O sinal não é imprescindível para a fé (“bem-aventurados os que não viram e acreditaram” Jo 20,29). Assim sendo, os sinais são uma manifestação da glória para aqueles que estão dispostos a penetrar no mistério de Jesus.

Os sinais joaninos têm um antecedente claro e definitivo no Antigo Testamento: os sinais que Deus realiza por seu povo no êxodo rumo à liberdade (Ex 10,1; Nm 14,11-22; Dt 7,19; 29,1-3).

O que caracteriza os sinais joaninos é o seu sentido revelador: em Jesus já chegou a salvação final